Autor: Thiago Abraão
- Bom dia...
- Boa tarde...
- Ou boa noite tanto faz.
- Então rapaz o que lhe trouxe aqui?
- Sabe que eu não sei ao certo? Enquanto estava aguardando na sala aí fora disseram que o senhor estava me esperando – disse o rapaz de calça jeans, blusa branca, tênis bem parecido com o da marca all star, cabelo curto, uma papelada na mão, e nada mais.
- Ah sim! Me deixa dar uma olhada nessa papelada? Pra verificar sua situação – disse o outro homem na sala, sentado atrás de uma mesa de escritório, aparentava ter uns quarenta anos, muito belo, similar a um galã de cinema, usava um terno preto com gravata vermelha e carregava uma caneta na mão, e nada mais.
- Sim, pode pegar! – disse o rapaz entregando a documentação ao homem a sua frente.
- Hum... Sim. Você é o Rafael. Tenho seu registros aqui sim, logo irei agilizar seu esquema pra você ser liberado – disse o elegante homem sentado.
- Pô brigadão cara! Vai organizar minha situação, e logo estarei liberado né?... Alias qual seu nome, mesmo? O senhor não tem crachá – falou Rafael, um pouco aliviado.
- É. Desculpa não ter me apresentado, tanta gente me conhece que às vezes me esqueço. Pode me chamar Lucie. Parece que seu caso não é muito complicado, vai dar pra resolver seus problemas. Você está acostumado com burocracia?
- Até que não. Nunca fui de procurar repartições publicas.
- Então se prepara por que serviço burocrático e chato é o que agente mais tem aqui, mas vai valer a pena, pois depois você irá pra onde merece ou fez por merecer.
- Então tomara que dê certo né, num gosto de esperar.
- Logo se vê. Veio parar aqui tão novo. Normalmente as pessoas demoram muitos anos pra aparecer por aqui!
- É. Comigo foi cedo, mas necessário, senão ia ser bem pior concorda?
- Pra quem tem apenas dezenove anos você já fez muita coisa. Coisas que vão tornar seu relatório complicado, mas vou ver o que faço por você.
- Sei como é, já fiz muita merda, e isso prejudica um pouco. Eu já tinha isso em mente.
- Pois é. Como eu falei, muita coisa mesmo você já fez Rafael. Coisas do tipo: uso de drogas, trafico de drogas, tentativa de assassinato, homicídio culposo, homicídio doloso.
- Realmente minha situação tá difícil, mas creio que o senhor vai me ajudar.
- Estou tentando... Parece bem complexo, mas meu escritório é o principal do departamento, então cabem a mim as decisões importantes desse gabinete.
- Muito bom saber que estou falando com o manda chuva então...
- É... podemos dizer que sim. Agora percebi que os homicídios cometidos por você foram contra seus pais! Aí dificulta ainda mais sua situação.
- Putz! É sério? Pô, é que meus pais eram muito chatos, mas e aí, o que acontece agora?
- Acontece que minha decisão acarretará num destino bem ruim pra você.
- Quê isso... fala sério! Num basta os problemas que eu passei antes de chegar aqui ainda vou ter que sofrer mais...
- Com certeza, Rafael. Pelo que eu vejo aqui você vai sofrer muito ainda, o que você penou até agora não é nem a metade.
- Que merda que fiz quando quis resolver meus problemas de qualquer maneira!
- Pelo menos você já começou a se arrepender. Isso faz parte de sua punição, mas pode considerar isso aqui cem vezes pior que aquela cadeia que você ficou.
- Mas tem alguma maneira de sair do lugar pra onde vou?
- impossível. Nenhuma pessoa saiu de lá, infelizmente. Ou felizmente.
- E agora?
- Pronto. Já está tudo preparado pra você ir.
- Sério? Então não tem jeito mesmo...
- É rapaz, fim da linha. É só entrar nessa porta aqui ao fundo e entregar esse documento ao porteiro do outro lado.
- Qual porta?
- Essa porta aí ao fundo. Essa onde tem esse número aí, garoto...
- Qual delas? Que número?
- Essa porta que tem um 666 gravado, bem aí ao fundo!
Um comentário:
Huehuehue estória bizarra! Achei que você tava gastando algum "Rafael" conhecido (quem sabe)... Tá responsa...
Postar um comentário