sábado, 28 de junho de 2008

A Porta Para o Nada


Autor: Thiago Araujo


"sem muito comentario jaque esta é apenas a primeira parte, espero que se animem em ler a segunda.


até sabado"




- Então é essa a casa que herdei de meu avô.
A casa era realmente magnífica, uma mansão enorme, possui até um pequeno lago na parte posterior do lugar. Meu avô, Armand, era excêntrico, para não dizer maluco, mas era um gênio arquiteto e como projetou e construiu a casa não era de se admirar que existisse na construção um pouco, talvez muito de sua excentricidade, a começar pela localidade, afastada cerca de um pouco menos de duas horas de qualquer lugar habitado, até mesmo a estrada de terra foi feita por ele, e agora rodeando a casa posso ver a maior excentricidade que poderia imaginar, no elevado do segundo andar, havia uma porta para fora, uma porta de madeira, com batedor em forma de gárgula, não sabia o que pensar daquilo.



- a casa é essa mesmo, o terreno se estende até quase onde a vista alcança. Seu avô nunca disse como adquiriu o lugar, isso deve ter custado uma fortuna. – dizia Jasper, que era amigo de infância do vovô e seu consultor.



- por quanto você acha que posso vender o lugar, obviamente não vou querer viver aqui.
- muito alto, somente pela extensão do lugar, mas se preocupe com isso apenas depois de cumprir a clausula de permanecia.



É claro, como mais uma das loucuras de meu avô, ele pôs uma clausula de permanência antes de me desfazer da propriedade, deveria ficar aqui por pelo menos dez dias, por sorte não é algo impossível, como estou longe de qualquer lugar, basta que eu fique sem nenhum veiculo durante esse período que não poderei sair.



- você não terá problemas, a casa esta abastecida como foi mandado, e possui seu próprio gerador elétrico.
- não estou preocupado, na verdade vai ser até bom ficar isolado por um tempo estava precisando mesmo de um descanso.
- aqui estão todas as chaves de todos os aposentos da casa, exceto daquela porta do segundo andar, eu testei todas mas nenhuma funciona.
- tudo bem, não pretendia usá-la mesmo.
- certo então eu já vou indo para não pegar a estrada a noite, se precisar de algo me ligue pelo celular, já que aqui não tem linha
- até mais.



Bom, não me importei com ele indo embora, agora iria entrar e conhecer a casa.
O molho de chaves era espantoso, devia conter cerca de vinte chaves, pelo menos estavam nomeadas, e pude encontrar facilmente a chave da entrada.



O hall era gigantesco, podia-se ver o segundo andar daqui, o qual para acesso havia duas escadas laterais, também havia um grande candelabro de cristais bem no centro, parecia mais um salão de festas que um hall. Segui pelo corredor central que havia entre as escadas, no final claro havia uma porta para a parte posterior da casa, aqui sim a vista era aberta, podia-se ver o lago e um pequeno bosque que dava no pé de umas elevações que iam ficando maiores até chegar ao pé de uma cadeia de montanhas, diferente da vista da frente, que dava para um densa floresta.



Voltei olhando os outros cômodos, perto da saída estava o banheiro, seguindo havia uma sala de estar gigantesca, com uma lareira ao extremo, também havia uma porta de acesso deste lugar para o hall. No outro lado do corredor, uma sala de jantar ligada a cozinha e um acesso da cozinha para a lavanderia, a sala de jantar também tinha uma porta para o hall.
Restava agora apenas o segundo andar, os quartos, seis no total pelo que Jasper me contou.



Logo de frente para as escadas havia um corredor de uns cinco metros que dava para aquela porta estranha, um corredor mal iluminado, havia quadros em branco pendurados pela parede até a porta, e como Jasper disse nenhuma das chaves funcionaram ali, deixei logo o lugar de lado, era até meio assustador, e fui ver os quartos. Pela esquerda estava a suíte principal, enorme, um banheiro com uma jacuzzi, e um escritório próprio, esse era o quarto que dormiria por esse mês. Desse lado ainda havia mais dois quartos simples, seguindo pela direito no final havia outro banheiro, e mais três quartos grandes, e virando o final do corredor havia uma porta com uma escada para o sótão, o qual não me dei o trabalho de olhar, já estava começando a escurecer, havíamos vindo tarde, desci para checar o gerador, que era abastecido a luz solar.



Para finalizar esse dia preparei algo para comer e assisti televisão no quarto até dormir.
Passei uma noite tranqüila, exceto durante a noite quando começou a ventar e fiquei ouvindo uma batida em algum lugar, mas estava com muito sono e não me incomodei, voltando a dormir quase que instantaneamente.



Passei o dia seguinte inteiro pescando no lago, que apesar de pequeno tinha uma variedade grande de peixes, fiz uma pescaria com um resultado excelente, peguei uma carpa enorme, duas tilápias, e um tucunaré, além de um bluegill que devolvi ao lago. preparei a carpa e uma tilápia para jantar.



Fui dormir tarde novamente, assistindo televisão. Acordei pela metade da noite, cerca de 2:00 da madrugada com a batida, desta vez tive que me levantar para localizar de onde vinha esse barulho para consertar pela manhã, afinal ia ficar um mês ali e não ia querer essa batida toda a noite.



Fui seguindo atrás do som, e com certeza ele vinha daquela porta, aquele corredor fica muito escuro a noite, mesmo com essa iluminação precária, talvez até colocasse uma iluminação melhor aqui, no escuro, pensei até ter visto algo se mexendo nestes quadros. Encostei o ouvido na porta, era aquela gárgula, aquele batedor estava balançando com o vento e fazendo esse barulho.



Pela manhã preparei a escada e subi até a porta, que, de frente assustaria algumas pessoas, a gárgula tinha expressão aterrorizante, como se querendo que ninguém viesse por ali, e pela porta toda havia talhadas inscrições em algum idioma desconhecido para mim, alguma escrita indígena, olhar para aquilo e imaginar o que estava escrito me causava até arrepios. Passei uma fita isolante naquele batedor e desci logo.
Passei mais um dia no ócio total nada fiz o dia inteiro, apenas cochilei e assisti a TV, por esse motivo esses dias estava dormindo tarde.



A noite, novamente pelo mesmo horário, aquela batida começou de novo, que tormento, pela manhã ia pregar aquele batedor ou então tirá-lo dali.
Não dormi bem essa noite, tive um pesadelo estranho, com rituais em volta de uma fogueira e aparições com rostos demoníacos que arrancavam a alma das pessoas em volta da fogueira, das quais não conseguia enxergar os semblantes.



Acordei bem tarde e fui pregar aquele batedor, a fita isolante havia soltado com a umidade da noite.
Passei o dia caminhando por uma trilha que encontrei, levava até o monte atrás do lago, estranhei esse dia, por onde caminhei não vi nenhum animal, não escutei um pio de um pássaro, nem mesmos os peixes estavam visíveis hoje como ontem. Fui dormir com um certo pesar, poderia ter chamado alguém para essa estadia, ou mesmo um pesar por ainda não estar casado aos 28 anos.



Acordei no meio da noite novamente, o relógio marcava 1:50 e aquela batida novamente, dessa vez não acreditei, havia pregado aquilo, não poderia ter soltado. Levantei e fui até a porta, senti um certo arrepio atravessando o corredor sentia-me sendo observado, por imagens invisíveis naqueles quadros em branco.



Recostei o ouvido na porta para escutar o som, mas desta vez percebi com certo horror o que acontecia, o local da batida não vinha exatamente do meio da porta, onde estava o batedor, e sim mais do alto, afastei-me de súbito assustado, a batida parou. Procurei um lugar para olhar, mas a fechadura era de um modelo mais novo e não dava para olhar e a parte de baixo da porta era extremamente rente ao chão, nem uma carta de baralho devia passar por ali, mas a batida cessou com o barulho que fiz tentando ver o lado de fora.



Encostei de novo, escutei um sussurro, apenas por alguns segundos, que cessou para vir novamente aquele silêncio mórbido. Voltei para a cama e custei a dormir novamente, pensando em ligar para Jasper pela manhã, mas pensando bem o que ele poderia fazer, ele apenas pensaria que já estava enlouquecendo e pediria para que voltasse, e eu só estava aqui a quatro dias.



Acordei neste quinto dia apreensivo, peguei a escada para olhar a porta e confirmei para meu desespero o que já sabia, o batedor ainda se encontrava pregado, desci desnorteado sem saber o que fazer em seguida, acabei por tentar encontrar algo em todos os papéis desta casa dos infernos. Procurei pelo escritório do andar inferior, vasculhei gavetas e armários, não encontrei nada além de plantas da casa, contas velhas dos custos da obra e outros papéis de planejamento, entre outras coisas cotidianas e triviais, faltou apenas olhar uma gaveta trancada da bancada principal, estava subindo para buscar o molho de chaves no quarto, quando escutei um barulho de motor do lado de fora.



Sai para ver se era Jasper, mas o que vi foi um senhor muito enrugado de cabelo negro e liso, de pele bronzeada, o que me indicou um parentesco indígena, usava uma jaqueta de couro, daquelas de gangue de motoqueiros e um óculos grande de lentes escuras. Ele parou tirou os óculos e me observou, parecia mais espantado que eu ao ver uma pessoa diferente ali, por fim perguntou.



- Armand está? – tinha um pequeno sotaque, se tinha parentesco indígena, isso foi a muito tempo.
- Armand morreu a quinze dias.
- oh, bem – ficou bem desconcertado.
- você conhecia meu avô?
- então você é neto dele, sim o conhecia, a uns três anos desde que ele se mudou para este lugar.
- entre você pode me contar alguma coisa sobre meu avô e este lugar.
- claro, meu nome é Jamal. - eu sou o Douglas.

Um comentário:

Unknown disse...

Kde a continuaçao kra rapido quero saber logo o final.
sou eu gustavo.